“Então, eu vou mandando improvisado, pra quem não me conhece, sou o Lucas Koka Penteado”. De riso grande e fácil, com uma mente rápida, percorrendo muitas rimas, Lucas é um dos confirmados no Grupo Camarote do BBB21. Aos 24 anos e dono de um currículo extenso – ele é ator, cantor, poeta, MC, slammer, apresentador, diretor e dramaturgo –, o morador do bairro do Bixiga, em São Paulo, encontrou na arte a sua paixão: “Não me vejo trabalhando com nada que não seja ligado a isso”.
Da criança aficionada por Harry Potter, que decorava as falas dos filmes para tentar fazer igual, até o jovem que interpretou Fio em Malhação - Viva a Diferença, temporada vencedora de um Prêmio Emmy Internacional Kids, o caminho foi longo, mas acompanhado de perto por duas figuras muito importantes. “Minha mãe e meu pai são sempre os guias. Ela é a minha melhor amiga e acreditou em mim desde o começo. Ele sempre ficou em cima para que eu estudasse e é meu verdadeiro herói. O meu maior sonho era fazê-los pararem de trabalhar e hoje isso se tornou realidade”, conta Lucas, com um olhar de admiração.
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Ao falar do BBB e da mudança que o programa pode representar na sua vida e, principalmente, na vida de seus pais, a emoção bate forte. É que o destino do prêmio de R$ 1,5 milhão já está traçado: “O principal, para mim, é comprar a casa da minha mãe”. E só a menção a esta possibilidade já faz Lucas cair no choro.
“Significa muito comprar uma casa para ela não ter que viver de aluguel nunca mais”, explica, enquanto seca as lágrimas.
Perseverante e sempre indo atrás do que acredita, ele conta que carrega uma espécie de slogan para encarar seus dias: “Tenho uma crença de que a vida não é apenas sobrevivência. A gente precisa ter acessibilidade a entretenimento, arte, esporte e cultura em geral”. As questões sociais, inclusive, fazem parte de sua luta há muitos anos. Em 2015 ele era presidente do grêmio de uma escola pública em São Paulo e foi uma das vozes ativas durante as ocupações estudantis que marcaram aquele ano.
Além da experiência inesquecível vivida ao lado dos companheiros de luta, o movimento trouxe algumas mudanças pessoais. Lucas foi um dos jovens acompanhados pelo documentário Espero Tua (Re)volta, disponível no Globoplay, que ganhou prêmios fora do Brasil. Também foi durante as ocupações que ele descobriu o que era slam – batalhas de poesia falada - e encontrou mais um caminho para expressar sua paixão pelas rimas.
“Escrevi minha primeira poesia e, na época, foi avassaladora. Eram palavras que eu precisava falar e precisava me ouvir falando. Era sobre a minha mãe, o sistema social, a desigualdade de gênero e a falta de acessibilidade das mulheres para terem seus filhos”.
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Dentro do reality, ele acredita que um dos motivos que pode tirá-lo do sério é a deslegitimação da necessidade de movimentos sociais: “Eu nasci na periferia. A tentativa de me tirar do sério vem desde que eu nasci, na escola, na rua, no trabalho... Eu não vou ofender, mas vou falar sério e alto se for preciso, caso uma pessoa fale de vitimismo ou racismo inverso. Deslegitimar a luta étnico racial é ser racista, então a pessoa vai ouvir a desconstrução”.
Mas ele garante que não faz o tipo agressivo, pelo contrário. “Eu vou me divertir à beça. Sou alegre, o retrato da felicidade periférica”, explica com seu sorriso largo que dificilmente sai do rosto. É que, segundo ele, a equação da vida pode ser resumida de forma bem simples:
“A parte mais feliz da vida é a própria vida”.
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